8 sept 2011

Al norai d’un moll Portuguès


Van canviar els vaixells,
Les seves banderes i els seus tripulants,
Però mai va acabar de passar el passat.
Només van passar els dies
De sal a les galtes i llàgrimes al mar,

Van canviar les badies,
Els ports, les grues i els capitans
Però mai va passar el que sento
Quan passejant junt a la baixamar
Del riu, somnio que ets al meu costat.

El temps pot ser que pobli
La nostra memòria incerta
Amb altres persones.
El temps pot ser que ompli
Amb altres moments,
Els nostres records.
Però aliè al meu àlbum intern,
Al norai d’un moll
On un dia vaig gravar el teu nom,
És on encara guardo
El que jo sóc i el que vaig ser.

Puc ignorar com vaig voler
Deixar fins i tot la mar per tu,
Esborrar els teus cabells d’ordi
I fingir que no vas existir,
Oblidar-me de l’ahir i de Lisboa.
Però sempre hi haura alguna ocasió
En la qual al amarrar la proa
Del meu vaixell al moll d’alguna estació
Fluvial, quelcom m’enrecordi
Que encara existeix el norai
D'aquell vell moll portuguès,
I els fados consumint a la foscor
Les espelmes de nits sense fi,
Així com el nostre amor latent
A les parelles dels panels
Del nen amb ulls de gegant.



Puc ignorar que t’estimo,
Continuar la vida navegant
I fingir que visc al present,
Però el meu futur només pot ser
El nostre passat.
La meva vida passa per passar-la
Al teu costat.

Sempre n’hi hauran panels,
Molls, proes i vaixells,
Que em duguin de nou a tu.
Però algun dia el rovell del norai
Esborrarà el teu nom
De les “docas” de Lisboa

És l’hora d’escurçar l’espai
Que va quedar entre nosaltres,
I sé que aviat trobaré el camí.
Fins en l'aire està gravat
Que tu no ets passat
Mentre segueixis viu en mi. 

22 mar 2011

Olvidé que también somos Atlántidas

Navego entre la niebla
Hacia la isla de madrugada
Que crece en mi vientre,
Transformando la clara bahía
En campos de tierra abonada
Que se puebla de frutos jugosos
Y senos maduros al caer el día.

Mi anexo de vida ajeno
Al oleaje externo a la albufera,
Y a las elevaciones del mioceno,
Acurrucado en la más placentera
Y humilde calma placentaria
Nos llena de realidad,
De sonrisas y de anhelos.

La presencia de nuevas tierras
Arrasa con el pasado
Arrodillado y encogido
Frente a la eternidad.
En la serena espera,
Mitosis cuaternaria,
Sangre acelerada y
Hormonas alteradas
Para repetir el milagro
De la existencia.

Junto a mi, el continente sereno
Observa como emergen
De las aguas pélvicas
Las islas vírgenes y fecundas
Para perpetuar la especie
De seres confusos y babélicos.
La emoción explota
En nuestros nervios trigéminos
Abriendo las fuentes acuáticas
De nuestras glándulas
Y haciéndonos olvidar
Que también somos Atlántidas.

El horizonte aún está lejano,
Nos quedan días de grandeza,
De preocupaciones y alegrías,
La suerte de teneros a mi lado,
Y la bendición inmerecida
De este amor tan fuerte.
Nos quedan oscuras y frías
Las noches de deseo y pasión
En el borde de un acantilado
Y el irracional consuelo
De saber ante la muerte,
Que cuando nos hayamos ido
Algo nuestro habrá quedado.

16 feb 2011

Apagant els llums


Qui no va recórrer per nadal una avinguda
Plena de llums i pretesa alegria
I va sentir ganes d'apagar-les i plorar.
Qui no va besar un desconegut amb els ulls.
Qui no va tenir la gosadia d'abandonar-lo tot
Per un somni impossible d'aconseguir.
Qui no va robar la confiança d'un amor.
Qui no va matar alguna vegada amb el pensament.
Qui no va fingir amb una carícia un frec.
Qui no va callar una injustícia per descoratjament.
Qui no es va llançar a l'amor homosexual
Nomès per experimentar-ne un altre gaudi.
Qui no va calmar la gelosia amb l'oblit
Del ser volgut, no estimat, i abandonat.
Qui no es va atrevir a l'amor sexual
Sense amor, buscant solitari el plaer.
Qui no es va atrevir a estimar per amor,
Amor de veritat, vida per refer.
Qui no va agafar un avió en Nit de Nadal
Que el portava a la seva llar i deure
Fugint de la seva autèntica felicitat.
Qui en la nit calma i asserena,
Baix els llums efímers del nadal,
No va contemplar la foscor de la seva ànima
Amb fredor adolorida, extenuació i afecte.
Em pregunto si és que va escapar de la vida,
O va aconseguir mantenir el cor d'un nen.

Uma manhã sem voos

O frio começou pelo estômago
Numa manhã sem voos.
A culpa teva-a um vulcão.

Era um bom cartógrafo
Limitando o alcance dos céus
Mas nunca foi um bom capitão.

Na sala de espera sem horas
Ressoa na minha mente a mesma pergunta
Quem decidiu os meus sonhos?
Quem criou e matou as paixões?
Quem pós na hora os desejos?
São os donos da paixão defunta
Os mesmos que me injectaram
Um amor com convulsões?
Nunca soube onde está o presente
Nem saberei encontrar o futuro.

Por megafonia anunciam incerteza.

Espero na quietude recente
Do movimento imprevisto,
Lutando por não me rebelar nem pensar,
Alheia à insuportável responsabilidade
De escolher o momento mais apropriado
Para gastar os minutos.

Eu também deixei,
De usar relógio,
Numa tarde de Abril.
Algum dia também
Deixarei de esperar.

6 feb 2011

Estamos tan lejos


Estamos tan lejos,
Separados por fronteras,
Horas y kilómetros.
Ahora, aunque sienta que te tengo
No puedo tocarte,
Y por eso no duermo.
En el fondo,
Sólo hay aire,
Frío, silencio,
Y tu recuerdo.
Hasta que vuelvas,
Y sienta tu respiración
Calentándome el cuello.

2 feb 2011

HAIKUS DE LA VEJEZ

En el futuro
Nadie me recordará,
A ti tampoco.

Acordémonos
De los dos hoy nosotros,
Y a distancia.

Resulta duro
Asumir que no somos
una promesa.

De nuestro ayer
Somos la fácil presa
Sin reluctancia.

Lo que no fuimos
Ya jamás lo seremos,
Maldita suerte.

Cada semana
Más cercana la muerte
Siento que está.

Estar al día,
Vivir en el presente
Ya nos aburre

Sin esperanza
Ni juventud la vida
Transcurre lenta

Es imposible
Volver a un pasado del
Que me desprendí.

De nuestro hijo
Añoro esas risas
Que yo me perdí.

No es un niño
Ya, pero a veces ríe
Y tú también.

Te veo tan linda
Aún hoy, todavía,
En tu mirada.

Pero te engaño
Con la que fuiste hace
Ya treinta años.

Cuando sólo con
Mirarte a los ojos
Ya te excitabas.

Cuando eras tú,
Pura y fría y eso a
Mí me gustaba.

¿Porqué me importa
Lo que nosotros fuimos
Y lo que no soy?

Ahora pararé
De pensar en nosotros,
Y de pensar.

Voy a saborear
El Sol de esta tarde
Para vivir hoy.

20 ene 2011

Quero estar despida

Quero estar despida
Tirar tudo
Até as palavras
De Neruda
Que inundaram
A minha vida
De poesia.

Quero atravessar
Ruas tão vazias
Como o meu blogue
No verão de mar.
Saciar-me de água
De dia e de ar
Para me afastar
Da saturação das noites
De ambição hiperactiva.

Quero o olhar
De um mudo que
Reúna todos os sentimentos
Que destroçaram as palavras.

Não quero sentir os tecidos
Nem escutar o meu nome
Prefiro ir à deriva
E sacrificar as âncoras
A não me sentir viva
Ao navegar com velas
Movidas electricamente.

Quero a carícia
De um cego que admira
Destemidamente
A minha nudez incolor.

Sem anéis
Sem colares
E sem roupa
Quero-me sentir
Mais eu
E menos outra
Sentir na pele
O abraço do mar
Sem interferências
Correr pela beira
Sem guardar confusas
As ingénuas aparências.

Quero o grito surdo
De quem está só
E irremediavelmente distante.

Se não houvesse outros poetas
Eu tampouco escreveria.

Não quero estar vestida
Para poder sentir
A tua mão despida
Na minha.

Quero estar ao teu lado


Busco nas partes mais distantes
Às minhas frias extremidades
Que é o que ainda resta meu
De mim
Para to dar
Busco na interminável, lenta
E desesperante caravana de carros
O final da espera.
Prolongo-me verticalmente
Para chegar à exosfera
E alheia à força gravitacional
Ionizar-me e mesclar-me
Como pó cósmico asideral.
Quero ser plasmática, ligeira
Magnetizada e sincera.
Quero ver desde cima
O final da espera.
Quero ser pó ligeiro e ardente
Proveniente da tórrida termosfera
Que cubra e quente
As tuas frias extremidades
Que busque e descubra
Como te dar, o que já não é mais meu,
De mim.

Acabou a última guarda


Acabou a última guarda
Da última viagem
Breve voltarei a andar em terra
Com o vaivém nas ancas,
E sentir-me-ei esquisita
Ao caminhar pelas ruas
Da minha infância,
Mas agora sem a roupa
Do meu irmão mais velho,
Menos pobre
E mais rota.
O rasto atrás da popa
Desenha  sem cor
O que caminho pelo que já passamos.
A minha poesia também é
Uma aguarela
Sem segundas oportunidades,
Que como a vida se forja
Com cores da água
Sombras da terra,
E transparências sem trégua
Que atravessando léguas
Sem destino
Leva-me ao final de todas as festas
Na mais profunda das solidões
Não pertenço ao mar
Nem à terra
E muito menos aos barcos.
Agora toca-me navegar
Entre os mares de pessoas
Perdidas na cidade.
Uma vez disseram-me
Que Lisboa não é Portugal
E agora sei que não o é,
E só eu sei
Que talvez nunca
Voltarei a embarcar
Ficando com as noites escuras
Sem estrelas e sem lua.

O Rio Negro e a sua amante Amazona


O Rio Negro e a sua amante Amazona
num pastel de mármore
unem carícias, olhares, aromas.
O frio Báltico e o Mar do Norte
distantes dos seus consortes
numa dança de ondas
Fingindo estar a sós
Mesclam-se e golpeiam,
Salpicam-se ferozes,
Bailando nuas as águas
beijam-se velozes.
As montanhas de Geiranger
reflectem-se inversas
Nas águas que ocultam
os  seus opostos vales.
As montanhas imersas
Desesperadas elevam-se
Fugindo das medusas.
Em latitudes nulas
com a temperatura e humidade oportunas,
numa deleitante imensidade
o  céu e o mar fundem-se,
numa explosão de claridade
o céu e o mar confundem-se,
ardentes desejos finalmente afundam-se
numa meridional garganta profunda,
quando o raio verde,
Sim! O raio verde! Tudo o inunda.

Baixa-mar em Cardiff


Espera.
Inspira.
Apaga-se.
Esfria-se.
Suspira
Pela sua sinusoidal vida.

As águas temperadas
Temperaram o desejo
De as reter,
De as acariciar,
De as seguir,
E depois, fugiram.

Espera.
Acende-se.
Expira.
Aguarda.
Apaga-se.
Destempera-se.
Contempla no horizonte longínquo
A proximidade do ponto de inflexão
Inflexivel, recorrente,
Profundo, desumano
E no final ascendente.

Acende-se
Ilumina.
Diminui.
Descobre como se evapora
A vida que a recobre
E a cobre de sal

Mexe-se.
Acosta-se.
Estremece.
Já não sabe
Se sabe
O que sabe
A mar.


Espera
Respira
Apaga-se
Dorme.
Desperta.
Acende-se
Sonha que navega,
Navega nos seus sonhos
Deseja o que sonha,
Navega nos seus desejos.
Estendida na lama
Frio o lastro
Ao calor do farol
Evapora-se.
Não busca o sol,
Tão só recorda
A água que venderá
Ao despontar a aurora.


Espera.
Respira.
Embravece
Tirita.
Apaga-se
E treme
O sal saboreia
Molhando o seu sorriso,
Quando sente na brisa,
Quando se aproxima a maré.

Acende-se
Ilumina.
As neves da serra Nevada,
Derretidas no rio Genil
Trazem-lhe, perfumadas
Com aromas de Gualdaquivir,
Lembranças da Alhambra,
A doçura de Andaluzia
E a música de uma guitarra,
Na que Paco de Lucía
A deslumbra
Entre duas águas.

Abraça o momento
Sente o medo
E beija trémula
As águas contra o vento

Não tremas,
Não tirites
Não, não temas,
Que não és mais
Que a querena
De um farol de navio
Fundeado em Cardiff
Esperando ancorado
Que regresse a maré.