O frio começou pelo estômago
Numa manhã sem voos.
A culpa teva-a um vulcão.
Era um bom cartógrafo
Limitando o alcance dos céus
Mas nunca foi um bom capitão.
Na sala de espera sem horas
Ressoa na minha mente a mesma pergunta
Quem decidiu os meus sonhos?
Quem criou e matou as paixões?
Quem pós na hora os desejos?
São os donos da paixão defunta
Os mesmos que me injectaram
Um amor com convulsões?
Nunca soube onde está o presente
Nem saberei encontrar o futuro.
Por megafonia anunciam incerteza.
Espero na quietude recente
Do movimento imprevisto,
Lutando por não me rebelar nem pensar,
Alheia à insuportável responsabilidade
De escolher o momento mais apropriado
Para gastar os minutos.
Eu também deixei,
De usar relógio,
Numa tarde de Abril.
Numa tarde de Abril.
Algum dia também
Deixarei de esperar.
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